VIAGEM MAIS BARATA: Conheça os destinos da América Latina onde o real é mais valorizado

Geovana Nascimento
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Neste período de aumento nos custos de viagens internacionais para os brasileiros, devido à desvalorização do real em relação ao dólar e à inflação no turismo global, existem alternativas inteligentes para quem busca explorar outros lugares sem gastar uma fortuna. Uma solução viável é direcionar a atenção para os destinos mais próximos, como outros países da América Latina.


A explicação para essa estratégia reside na análise de que, embora o real tenha experimentado desvalorização em comparação com moedas mais fortes, muitos países vizinhos enfrentaram uma desvalorização cambial ainda mais acentuada. Isso resultou em um aumento do poder de compra dos brasileiros nessas regiões. Um exemplo notável é a Argentina, onde o peso perdeu impressionantes 56% de seu valor em relação ao real em apenas um ano.


Com exceção da Costa Rica e do Paraguai, nos últimos 12 meses, quase todos os países latino-americanos viram suas moedas desvalorizarem em relação ao real. Vale mencionar que a Venezuela registrou o pior desempenho, com uma desvalorização surpreendente de 82%, embora não seja atualmente um destino turístico viável.


O aumento do poder de compra dos brasileiros em alguns países da América Latina se reflete também em outros indicadores. Um exemplo é o "Zara Index", desenvolvido pelo banco BTG para comparar a economia de diferentes nações que abrigam operações da rede de moda espanhola Zara. Esse indicador considera uma cesta de 12 itens vendidos pela varejista, oferecendo uma perspectiva macroeconômica. No entanto, os viajantes podem usar essa comparação para avaliar o poder de compra do real em cada país, especialmente quando se trata de peças de vestuário.


Um exemplo concreto desse indicador é uma calça jeans que custa R$ 279 no Brasil, mas pode ser adquirida por R$ 256 no México, R$ 171 no Chile, R$ 240 no Uruguai e R$ 196 no Peru. Infelizmente, a análise não inclui a Argentina devido à complexidade na coleta de dados.


Outro indicador utilizado para comparações desse tipo é o "Big Mac Index", criado pela revista _The Economist_ em 1986. Ele compara o preço do icônico sanduíche do McDonald's em todo o mundo. Surpreendentemente, os brasileiros têm maior poder de compra do que os argentinos nesse cenário.


No entanto, essa aparente vantagem da Argentina nesse indicador é meramente técnica, de acordo com o economista Francisco Nobre, da XP. Ele explica que o "Big Mac Index" utiliza apenas a cotação "oficial" do dólar, mas a Argentina possui várias taxas de câmbio, o que distorce os resultados. No caso do Uruguai, a dolarização da economia é o fator predominante.


Diante dessa realidade, há uma crescente busca por viagens dentro da América Latina, especialmente após a pandemia. A operadora de turismo Decolar relata um aumento de 480% nas buscas por destinos latino-americanos no primeiro semestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior.


A Argentina continua sendo um dos destinos mais populares para os brasileiros, com Buenos Aires liderando as preferências. Este ano, Santiago, no Chile, e Bariloche, na Argentina, ocupam o segundo e terceiro lugares na lista dos destinos mais buscados.


Para efeito de comparação, a Decolar oferece um pacote de viagem de uma semana em Paris, França, incluindo hospedagem e translado, a partir de R$ 4,6 mil. Já um pacote semelhante para Buenos Aires sai por R$ 1,7 mil. Essa diferença chega a 270% entre os dois destinos.


Contudo, é importante destacar que o custo total de uma viagem internacional envolve mais do que passagens e hospedagem, englobando alimentação, passeios e compras.


Bernardo Brites, presidente da fintech Trace Finance, aconselha os interessados a se planejarem para tirar proveito dessa valorização do real. Ele recomenda explorar opções de compra de moeda, como cartões de conta global e de viagem oferecidos por empresas como Wise, C6 e Western Union. Essas opções tendem a ter taxas de câmbio mais vantajosas do que os bancos tradicionais.


Além disso, Brites sugere que os turistas considerem os programas de fidelidade oferecidos por redes de hotéis e companhias aéreas, que podem proporcionar melhores opções de passagens e hospedagem sem aumentar os gastos. Isso permite estabelecer uma relação com as marcas, o que pode resultar em upgrades na viagem sem custos adicionais.


O vice-presidente de produtos aéreos da Decolar no Brasil, Bob Rossato, observa que a melhoria do poder de compra dos brasileiros na América Latina já está impactando o perfil de consumo dos clientes. Com o dinheiro valendo mais, os turistas estão optando por itens mais luxuosos, como hotéis cinco estrelas, voos de classe executiva e experiências gastronômicas refinadas. Ele destaca que as cidades latino-americanas são seguras e estão próximas do Brasil, permitindo que os viajantes desfrutem de uma ampla gama de experiências sem quebrar o orçamento.


Em resumo, a valorização do real em relação a várias moedas latino-americanas abre oportunidades interessantes para quem deseja explorar destinos além das fronteiras nacionais. A análise cuidadosa dos custos totais e a busca por opções de valor agregado podem resultar em experiências memoráveis e econômicas.

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